segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Amor é coisa que não se recebe: uma visão radical sobre a dinâmica dos relacionamentos

“She understands that she will never receive enough love from a relationship nor from her self-acceptance. She has realized that when she wants to feel love, all she needs to do is give love. In fact, that is the only time she feels love – when she is loving.”
“Ela compreende que ela nunca receberá amor suficiente de um relacionamento nem de sua auto-aceitação. Ela descobriu que quando deseja sentir amor, tudo o que ela precisa fazer é dar amor. De fato, esse é o único momento em que ela sente amor – quando está amando.” [tradução livre]
David Deida, Intimate Communion
Amor não se recebe, amor é generosidade, oferecimento
No fim, ela acabou traindo o cara. Passou os últimos meses morando com um e se apaixonando por outro. No dia da mudança, eles conversaram com mais calma, deitados na dor um do outro. Ele declarou seu amor, disse que era louco por ela, que tinha perdoado a traição, que sequer via tudo como traição. Tarde demais: ela já estava no meio de outra história. Ao ouvi-lo sobre seu amor, confessou: “Eu não sabia de nada disso! Por que você não me agarrou antes? Por que não me disse todo dia, por que não se declarou completamente olhando nos meus olhos?”.
Ele surpreso com a reação e ela continuou: “Eu via você fechado, mal, calado. Pensei que não me amava mais. Então segui com minha vida”. É como se ela estivesse dizendo: “Se soubesse que você me amava, eu não teria feito nada disso”. Mais ainda: “Como parei de sentir seu amor, deixei de amá-lo. Tivesse você me amado, eu teria amado você também. Antes de ir embora, ela ainda admitiu: “Eu quero casar e vou casar com quem me amar”.
Eu queria não saber descrever essa história. Queria que ela fosse raridade, um caso exótico apresentado em um noticiário que ninguém assiste. Queria que ela não estivesse ao nosso redor, ou melhor, tão dentro de nós. Queria que não fosse a nossa história.
O desejo de ser amado, a ânsia de ser visto, tocado, adorado. Alguém passa por perto e imaginamos como seria se tivesse curiosidade e interesse por nós, se quisesse saber tudo sobre nós. O desejo de ser desejado. Será que consigo deixar alguém excitado, será que consigo fazer algum olho brilhar por mim? Até que alguém enfim esbarra em nós e vem com desejo, curiosidade e acolhimento. Por sermos tocados, queremos tocar. Por sermos desejados, desejamos. Ao nos sentirmos amados, amamos. Será? A carência é sábia feiticeira. Será mesmo que o amor é essa coisa passiva? “Vou casar com quem me amar”…
Se só abraçamos quem nos abraça, nunca saberemos qual a textura de nosso abraço, nunca saberemos de fato o que é abraçar. O abraço pelo qual levantamos e vamos até o outro, esse não morre, não cessa, ainda que o outro solte os braços e nos abandone. A potência de abraçar é o que importa e é por ela que sentimos um abraço, não pelo corpo exterior que nos retribui ou nos larga. Tal é a diferença entre felicidade autêntica e prazer temporário: se sentimos nossa incessante capacidade de abraçar ou se somos reféns dos braços do outro.
Eu posso estar louco, mas confesso que nunca me senti amado. Nunca senti o amor vindo de fora, de nenhuma direção: família, namoradas, amigos. Deles já senti afeto, cuidado, paixão, carinho, tudo. Mas amor? Amor é essa coisa outra.
Quando amo, quando sinto o amor circular dentro de mim, é sempre como um gesto, uma ação, algo que faço em todas as direções, de dentro para fora. Respiração, abertura, repouso. Entrega. Sentir tudo me percorrer e conseguir penetrar tudo e todos. Olhar a beleza além do outro e fazê-la florescer. Ficar aberto e fazer de minha abertura uma chave para escancarar qualquer um.
Será que algum dia já recebemos amor? Como receber uma ação que nós mesmo temos de fazer? Amor é coisa que não se recebe. Quando uma mulher oferece amor para um homem, ele recebe carinho, cuidado, toque, mas não amor. Quando um homem ama uma mulher, ela pode sentir paixão, acolhimento, segurança, mas não amor. Amor é coisa que se dá.
Música é um bom exemplo: um baterista, ao fazer seus movimentos rítmicos, tem uma experiência totalmente diferente daquele que ouve o som produzido. Nenhum som equivale à experiência de produzi-lo; assim também com afeto, cuidado e carinho em relação ao amor.
MassagemSentir com o peito nossa potência de amar é muito mais gostoso do que sentir algo passivamente vindo do outro. Quando praticamos o amor, é como se fizéssemos e recebêssemos uma massagem. A um só tempo, sentir e ser sentido, tocar e ser tocado. Quando recebemos carinho, deixamos de sentir o prazer de acariciar. Por outro lado, quando acariciamos, uma mágica acontece: simultaneamente nosso toque é a interface pela qual o outro nos acaricia também.
No amor e pelo amor, passividade a atividade se tornam um único processo. É assim que podemos explicar a misteriosa dinâmica do amor: quando amamos, somos amados, e não o contrário! A sensação genuína de “ser amado” é simplesmente o efeito de sentir o amor, de ser amor, de amar.  E isso pode acontecer mesmo que o outro não nos ame ou sequer goste de nós!
Quando Sêneca diz “Si vis amaria, ama” (“Se quiser ser amado, ame”), ele não quer dizer que o outro vai amar você de volta, mas que a sensação de ser amado vem da ação de amar, não da reação ao amor do outro.
No entanto, a sensação de ser amado existe e pode facilmente ser desvinculada de seu processo criador. Um momento de sonolência e perdemos contato com nossa potência autônoma, um lapso e temos a nítida sensação de que o amor vem do outro – o mesmo amor que nós mesmos fizemos circular! Aqueles que ficam distraídos por muito tempo começam a achar que o amor só pode mesmo vir de fora e então passam a vida nessa busca.
Mas é possível acordar. A mulher de nossa história inicial deixou vazio o objeto de amor de seu ex-namorado. Com o fim, talvez ele perceba que, ainda sem destino ou recipiente algum (“O que eu faço com tudo isso que sinto? Onde jogo esse mundo inteiro aqui?”), seu amor persiste. A ausência de foco para seu sentimento é o que o levará à descoberta do amor que não cessa e sua capacidade de direcioná-lo para qualquer pessoa. Ele então andará pelo mundo fortalecendo sua potência de amar. Bastará um olhar para praticar o amor de acordo com o tecido da relação. Com um amigo, ele se manterá aberto, presente, verá qualidades positivas, encontrará beleza e se conectará com isso, agirá a partir disso. Com sua família, com seus parceiros de trabalho, com as futuras namoradas, a mesma prática.
Ela também pode percorrer o mesmo caminho. Após o fim, perceberá que seu novo parceiro nunca conseguirá preenchê-la totalmente. Pode tentar ficar sozinha por um tempo e ler vários livros de auto-ajuda americanos sobre self-love. Isso também será insuficiente. Ela não se contentará em depender de relacionamentos, da natureza ou das artes para sentir amor – nem tampouco encontrará satisfação em amar a si mesma. Então ela talvez experimente um abraço que não seja recebido, que se mantenha mesmo quando o outro momentaneamente solta. E quando isso acontecer, descobrirá que não é necessário achar outra pessoa para continuar se sentindo abraçada. Basta continuar abraçando…

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Seja você a pessoa certa

Entre dois possíveis parceiros, não escolha o que tem mais a lhe proporcionar, e sim aquele que mais pode se beneficiar com o que você tem a oferecer.
Casamento
“O sucesso do casamento é muito mais do que encontrar a pessoa certa; é uma questão de ser a pessoa certa.” –B. R. Bricker

O elemento mais comum no imaginário amoroso das pessoas do séc. XXI é, talvez, o da “pessoa certa” ou “the one”. Estou cansado de ouvir frases assim: “Ainda não encontrei a pessoa certa” ou “Será ele o cara certo para mim?”. A “pessoa certa” para quem, para o quê? Para o grande “eu”, foco de nossas atenções. Para a importantíssima “minha felicidade”, claro.
A pessoa certa é aquela cujos atributos se acoplam perfeitamente com todos os nossos desejos, hábitos, vícios e peculiaridades. Se sou carente, quero um superprotetor traumatizado (traído da última vez que ficou ausente). Se gosto de vinho, adoraria um homem que seja quase um sommelier. Se sou fascinado por peitos, uma mulher tábua não me serviria.
Tal lógica seria perfeita em um mundo intocado pela impermanência. O problema é que nossas preferências, hábitos e desejos mudam a todo instante. Já tivemos nossas fases gastronômica, carente, acadêmica, cultural, caseira… E assim fomos trocando de parceiros. A situação a que chegamos hoje é simples de resumir: além das relações líquidas, as que tentam ser duradouras dificilmente escapam de situações de traição, adultério e muita, muita dor.
O que aconteceria se invertêssemos essa lógica? Se, em vez de procurarmos pela pessoa certa, tratássemos de ser a pessoa certa? A seguir, vou rascunhar algumas possibilidades nessa outra direção. No entanto, só saberemos se pularmos, mergulharmos e incorporarmos essa outra lógica com nossos poros, retinas, veias. Quem pular nesse abismo, depois passe aqui e nos conte como foi.

A lógica do oferecer

Uma boa metáfora para contrastar as duas abordagens: se estiver em dúvida entre duas pessoas, não escolha a mais engraçada, mas a que ri de suas piadas. Ou seja, não escolha a que tem mais a lhe proporcionar, e sim aquela que mais pode se beneficiar com o que você tem a oferecer.
Em vez de focar suas energias em encontrar alguém belo, contemple seu próprio corpo e faça surgir beleza dele. Em vez de ficar esperando por alguém inteligente, apenas distribua sua inteligência para qualquer um. Seja a pessoa certa, sem esperar resultados ou retribuições de qualquer tipo.
Se você é mulher, não busque olhares. Irradie aquilo que você não precisa de espelhos para ter a existência confirmada. Se é homem, não pense que o amor é aquilo que você recebe. Seu amor é aquilo que você oferece. Isso ninguém tira, isso você leva junto para onde for.
Estava há pouco conversando com um amigo em conflito. Ele deseja vir trabalhar em São Paulo, mas tem uma namorada há 5 anos em sua cidade. Em um dos momentos, disse: “Posso ir a São Paulo, fazer sucesso profissionalmente e nunca encontrar um amor”. Ora, o amor ele trará junto, nunca será encontrado, só direcionado para outra. Se ele cultivar esse amor, é possível que consiga reconquistar a namorada atual quando voltar à cidade natal anos depois. Se ele voltar esperando receber amor, dificilmente conseguirá conquistá-la novamente.
Reconhecendo a impermanência (sem fugir ou ignorá-la), podemos amar com liberdade. Renunciamos a realização de nossos impulsos neuróticos, largamos os ganchos e oferecemos nossas habilidades para o deleite de nosso parceiro. Na verdade, é isso que sempre desejamos, sem saber como realizar.
Após um fim de namoro dolorido, nossa felicidade não surge quando descobrimos que podemos ser amados novamente. Sentimos a vida pulsar apenas quando descobrimos que podemos amar outra pessoa. É a capacidade para o amor que nos alegra. Nossa felicidade não vem do outro tanto quanto vem de nossa própria potência inata de amar e produzir felicidade em todas as direções.

O amor livre como um antídoto ao adultério

Algumas pessoas que já me ouviram falar em “desvincular o amor do amado”, ao propor algo que às vezes chamo de amor livre, reagem com um desconforto e defendem a fidelidade monogâmica – como se “amor livre” significasse poligamia ou justificasse o adultério. Pelo contrário, uma pessoa só trai porque se sente incapaz de reconstruir o amor, curar a relação, sentir-se viva novamente diante do outro e, assim, fazê-lo renascer diferente.
Na verdade, o amor é livre de fixações, livre de personagens, livre até mesmo dos parceiros que os manifestam. Se depender dos condicionamentos que o trazem à tona, ele terminará quando o casal afundar. Mas o amor oferecido não cessa, não é mesmo? Ele é amplo, vasto, todo abrangente. O amor recebido, este sim cessa.
Qual não é nossa surpresa quando percebemos que, logo após o fim, seguimos com a potência de trazer felicidade ao outro? O amor não cessa pois ele é essa abertura ao outro, essa capacidade de oferecer, oferecer, oferecer. Se podemos sempre oferecer, é sinal que sempre temos amor, mesmo quando parece que ele nos foi arrancado de dentro do peito.
Mostro abaixo, ao mesmo tempo que deixo um desafio a homens e mulheres nesse fim de ano, como o amor livre favorece a fidelidade (não o contrário) e diminui o impulso à traição.

Recado para os homens

Faça-me um favor. Descubra logo que você pode conquistar e amar qualquer uma. Seja você rico ou pobre, feio ou bonito, você tem tudo o que é necessário para fazer qualquer mulher feliz. Basta liberar seu amor, sem fixações, hesitações ou dúvidas. Enquanto não perceber que seu amor é livre, você continuará testando-o com várias. Enquanto sentir seu amor acabar, você terá de dormir com outras garotas para resgatar sua potência vital.
Uma vez solto, canalize tudo em apenas uma mulher (a menos que você realmente consiga fazer duas felizes sem causar complicações, o que hoje duvido ser possível em nossa sociedade). Depois, tome cuidado para não confundir foco com fixação. Seu amor nunca será dela para que sempre seja dela, momento a momento, em um processo incessante de escolha e liberdade.
Assim que você vincular seu amor a ela, ele parecerá surgir de fora e você o sentirá como vindo dela para você. É nesse momento que você pára de oferecer, ou seja, pára de amar. Quando a relação acabar, você terá a certeza de que ela levou seu coração, apagou o Sol e deixou a sala vazia, sem amor algum. É esse o outro lado da “pessoa certa”.

Sugestão para as mulheres

De uma vez por todas, sinta-se inteira como sendo o amor que você busca nos olhares e espelhos do mundo. Você já é aquilo que espera ouvir de um homem. Você já está na ilha paradisíaca de seus sonhos, abraçada e acariciada com declarações de amor. No momento em que você sente que precisa de amor, a carência inunda seu corpo até o ponto em que você precisará de outro olhar para voltar a ser bela.
Para você também: seu amor nunca será dele para que seja sempre dele. Enquanto você transpirar amor por todo lado, terá o que oferecer e portanto poderá ser totalmente dele. No instante, porém, que você precisar dele para respirar, você não mais conseguirá oferecer e terá de exigir o amor dele.
Você se lembra dos momentos em que mais foi feliz e aberta? Na maioria deles, havia um outro em cena? Sem querer, vinculamos todas essas sensações a uma ou outra pessoa. Se elas deixarem de proporcionar essas sensações, você será obrigada a buscar um outro que resgate todas as alegrias e toda a beleza que você já vivenciou. Um outro homem que veja beleza em você e movimente tudo aquilo que você desconfia da existência mas não sabe bem como encontrar.
Durante essa busca por amor, você fará muitos homens sofrer. O primeiro vai olhar e revelar beleza. O segundo revelará ainda mais. O terceiro a levará para locais que os dois primeiros nunca sequer vislumbraram. O quarto finalmente a fará mulher. O quinto ensinará todos os prazeres do sexo. O sexto… Até quando? Quando chegará o “The One”? Sinta agora seu corpo, inspire sua beleza, deite-se sobre a certeza de que você já é mulher. Totalmente, inteiramente, deliciosamente mulher. Como a face feminina do amor, ofereça-se ao mundo de corpo e alma. E se ainda quiser causar dor nos homens, produza um outro tipo de dor, if you know what I mean… ;-)

É esse meu desejo para todos os casais. Homens e mulheres completos, um oferecendo ao outro aquilo que nenhum precisa, aquilo que ninguém nunca quis ou pediu . Amor necessário é horrível. Amor bom é igual arte: inútil, completamente descartável… e belo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Amor: relação abismal

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O abismo dele, sua profundidade, é o espaço de queda para a entrega dela, para a sua dança, seus rodopios, confusões, desejos, ânsias, medos. O abismo dela, seu útero, é o espaço que será penetrado pela profundidade dele. O abismo dela se abre, se entrega e mergulha no abismo dele. O abismo dele invade, inflama e penetra o abismo dela.
A mulher precisa ansiar por profundidade e assim aumentar seu abismo interior. Isso atrairá os melhores homens, aqueles com profundidade suficiente para preenchê-las, aqueles com um abismo infinito o suficiente para que elas se precipitem, se joguem, se entreguem.
Por um lado, a profundidade masculina funciona de forma ativa, invadindo-a, dominando-a, acolhendo-a, como se tivesse passagem livre pelo corpo e pela alma feminina, em uma massagem incessante, interna e externa. Por outro lado, a profundidade masculina é passiva, sendo o abismo no qual a mulher se jogará, sendo o espaço e a liberdade para o mergulho feminino, para sua entrega derradeira.
O homem tem de treinar um livre transitar em meio à confusão feminina, em meio às suas energias de movimento frenético. Uma lucidez dentro dos ciclos malucos das mulheres. Sem isso, uma mulher não conseguirá se soltar. Essa prática pode ser feita com qualquer manifestação feminina (música, natureza, problemas cotidianos, momentos de prazer sensorial, situações aflitivas, cinema) e não apenas diretamente com mulheres. Não é por acaso que os músicos em geral adquirem habilidades especiais de sedução e conquista.
É como se ele dissesse:
“Eu gosto de penetrar o abismo numa mulher. Você precisa de um bom tempo sozinha para deixar esse abismo crescer. Você precisa me querer dentro de seu corpo. Você precisa me chamar, ansiar pela minha presença. Seu corpo tem de rodopiar e querer mergulhar para que você possa me atrair.
Você deve se tornar a dançarina enfeitiçada que entrega todas as suas energias e todas as suas confusões para o olhar e para os braços da minha sabedoria imóvel. Você deseja expressar sua beleza, seu brilho, sua luz? Dance para mim para que eu possa dançar com você.
Você tem de ter sede por profundidade antes que eu possa te oferecer a minha. Isso não acontece hoje: eu te penetro e me choco contra uma parede de bloqueios ao livre fluxo da energia de fogo do amor. Seu abismo tem limite. Sua entrega é pouca para minha profundidade.
Meu quarto está todo preparado: velas, incenso, música e um homem que só quer dar prazer. Você consegue se deitar com 100% de seu corpo em minha cama?”
David Deida diz: “Unsurrendered women attract unpresent men”. Tradução livre: “mulheres não entregues atraem homens não presentes”. Homens não presentes são homens pouco profundos, seres sem abismo. Mulheres não entregues, igualmente, são mulheres sem um vasto abismo interior. Em um casal, a intensidade da ânsia feminina pela entrega é proporcional à profundidade da presença masculina.
Quanto mais presente e lúcido for um homem, maior será sua atração pelas energias femininas de movimento, dança, música, brilho e encantamento. Um homem profundo exige uma mulher entregue. Somente ela se deixará conduzir para locais impossíveis, somente em total entrega o homem penetrará seus pontos intocados.
O maior tesão do homem-abismo é penetrar sua mulher por inteiro e fazê-la confiar mais nele do que em si mesma, iniciando-a no mistério do amor, na energia de êxtase da liberdade. O maior tesão da mulher-abismo é se entregar perdida e completamente, expressando toda a sua beleza e brilho em uma dança cuja condução cabe exclusivamente ao seu homem e cujos movimentos cabem exclusivamente a ela.
É como se ela dissesse:
“Eu me debato, surto, me confundo, sorrio e choro no mesmo minuto, irrito, implico, cobro e reclamo, mas quero que você simplesmente fique aqui, quero sua presença impassível, seu olhar transcendente que entende o além-de-mim.
Quero que você me abrace e beije com força, cortando minhas neuroses pela base. Cada briga que provoco é apenas um teste para ver se você consegue adentrar qualquer canto de mim com seu amor liberador, se sua consciência consegue lidar com todas as minhas energias de manifestação.
Quero que você me abra por inteiro e finalmente me livre dessa contração, dessa ânsia por sempre sair fugindo do momento presente. Você consegue me preencher totalmente? Consegue me inundar de seu amor, percorrendo e encharcando cada uma das partes de minha alma-corpo? Consegue me fazer transbordar de mim mesmo? Fazer meu corpo implodir?
Meu quarto está todo preparado: estou nua. Você consegue invadir 100% de minha mente e abraçar 100% de meu corpo? Consegue ser profundo o suficiente para que eu possa confiar e me entregar a você?”
Rendição. Uma mulher autêntica deseja apenas isso, ser totalmente rendida. Ela pode parecer querer comandar ou não saber o que deseja. Ela pode irritar seu homem, provocá-lo ou evitá-lo. Mas ela só quer sua potência, sua liberdade, sua profundidade. Ela quer ser interrompida em sua confusão. Quer ser rendida, de corpo e alma.
Por mais que uma mulher seja independente, autônoma e inteligente, o que ela mais deseja é ser sua, possuída pelo amor e pela consciência de um homem. Quando um homem-abismo diz “você é minha”, não há relação alguma de posse, mas um acolhimento infinito e incondicional. Dizer isso para uma mulher é algo tão corajoso e raro quanto abraçar o mundo inteiro, tornar-se o universo, tornar-se pura liberdade. É fazer amor com todas as energias femininas de criação que constituem todos os fenômenos, todos os seres.
Em um certo sentido, penetrar uma mulher é penetrar o mundo. Não há diferença entre os contornos de uma mulher e vales, montanhas, sóis e estrelas. Acariciar verdadeiramente uma mulher é ficar íntimo de todos os fenômenos e seres. Ao sentir-se confortável com as reclamações e surtos de uma mulher, o homem aprende a sentir-se “em casa” e aberto a qualquer situação possível no mundo. Ao liberar sua mulher, o homem libera o mundo. Do mesmo modo, ao se entregar para seu homem, a mulher se entrega à vida em toda a sua potência, se abre ao universo, é possuída pelo infinito — e não há nada mais belo do que uma mulher que exibe isso em seu olhar.
Em uma relação iluminada, eles se abismam um ao outro. A mulher se entrega ao homem e, de dentro dele, dança o universo com sua energia de luminosidade, brilho, charme, carne, prazer. O homem a possui e, dentro dela, fornece o espaço e a liberdade para que nasça mais um universo. É tão simples quanto dança de salão: o homem conduz e a mulher rodopia, encanta, fascina.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sexo prolongado: 11 dicas para ignorar o orgasmo e fazer amor por horas


Uma leitora reclama que seu parceiro não aguenta muito tempo de penetração. Um leitor escreve relatando que, se está muito excitado, não consegue segurar a ejaculação e depois, enfraquecido, prolonga o sexo como dá. Ambos se surpreendem com a idéia do homem não ejacular e guardar energia para a próxima noite. Foi por isso que resolvi reunir algumas sugestões para ajudar a mudar esse cenário. Não quero, contudo, criticar a famosa rapidinha ou o sexo cotidiano de 1 hora, apenas descrever outra possibilidade.
Antes, alguns esclarecimentos. Quando falo “sexo prolongado”, tenho em mente um casal que fica mais de 3 horas transando – com breves interrupções para carinho, conversa, hidratação e alimentação – sem contar preliminares como jantar e dança. Nada demais, mas recentemente descobri que não é uma experiência presente em todas as camas.
Por “ignorar o orgasmo”, me refiro a transar sem dar nenhuma importância ao orgasmo e continuar mesmo depois de gozar. Como isso é raridade no universo masculino (mesmo para quem consegue, a potência é bastante reduzida na segunda vez), recomenda-se que o homem evite ejacular, enquanto as mulheres ficam liberadas para gozar o quanto quiserem.
Ao montar a lista, evitei dicas óbvias como “façam alguma atividade física” (claro, é muito melhor se ambos praticam algum esporte, dança, ioga ou arte marcial), “alternem lugares e posições sexuais” (maravilhoso se usarem a bancada do escritório, a mesa da cozinha, a escada do prédio, de quatro, de ladinho, em pé) ou “usem várias camisinhas” (espero que meus leitores já sejam mestres na arte de espalhar camisinhas pelo chão).
Muitas sugestões são direcionadas aos homens pois nunca encontrei uma mulher que não estivesse pronta para mais de 3 horas de sexo irrestrito. Além das dicas que se aplicam a ambos, deixei uma sugestão de jogo para as meninas que desejam enlouquecer a mente de seus parceiros. Dividi em “Antes” e “Durante”. Para “Depois” indico uma promoção perfeita para quem, como eu, deseja trocar o apê por um bangalô.
Por fim, não confundam: nada disso é sexo tântrico. Tantra é outra coisa.

ANTES…

1. Não ejacule por 2 ou 3 dias

Duas constatações do homem que observa seu funcionamento sexual: a ejaculação desperdiça energia vital, diminui a qualidade da ereção e o desejo de atravessar e penetrar sua mulher. Se você respeita sua mulher, fique 3 dias sem ejacular antes de encontrá-la. Naquele fim de semana em que vocês não se desgrudam, deixe para ejacular apenas no fim do domingo, ou melhor, não ejacule e inicie a semana com 100% de vigor. Ejacular deve ser um ato consciente e não uma necessidade. Para aguentar mais de 3 horas de sexo, direcione a energia acumulada e mantenha potência total até levar sua mulher à exaustão. Ainda assim, você tem a liberdade de não ejacular, o que muitas vezes acontece simplesmente porque ela, depois de gozar várias vezes, acaba dormindo.

2. Sente-se imóvel em silêncio

Para não reagir ao impulso de gozar e aprender a ficar presente, sem cair em pensamentos e emoções autocentradas que tensionam nosso corpo (o que só aumenta nossa necessidade de ejacular para liberar o stress), existe o milenar método da meditação. É bastante simples: sente-se e fique imóvel em silêncio por uns 15 minutos. Observe como nossa mente é arrastada por vários pensamentos e como a energia de nosso corpo oscila. Com a prática, você treina liberdade frente aos impulsos, estabiliza a energia e intensifica sua presença no mundo, algo que aprofundará o prazer na cama.

3. Aja como se já estivesse na cama

O melhor jeito de fazer sexo sem fim é não colocar um começo. Antes do beijo, longe da cama, eles se movem como se já estivessem deitados transpirando a noite. Ou seja, fazem amor com todas as coisas ao redor, deliciam-se com o vinho, piscam de prazer. Ele toca nas coisas como se estivesse tocando nela: com firmeza e delicadeza, sabendo o que está fazendo e para onde vai, mas sem pressa alguma de chegar. Ela abre o sorriso como se estivesse tirando a saia. Então, quando ele começa a penetrá-la, ambos tem a certeza de que aquilo já estava acontecendo. Aí o difícil é descobrir como terminar aquilo que nunca começou.

4. Se não estiver disposta(o), nem comece

Não temos a obrigação de finalizar uma noite quase perfeita com sexo. Se chegamos cansados, é melhor dormir do que fazer um sexo displicente, sem vigor, apático. Se a mulher está animada, o homem pode tomar um banho gelado para ficar no ponto (acredite, fazemos isso). Se é o homem que está pronto, a mulher pode se deixar levar até ficar excitada e pedir pela penetração. No entanto, nem sempre isso acontece naturalmente – e se há esforço, é melhor deixar para depois. O ponto é não aceitar nada menos do que um sexo vigoroso, atento, com total presença de ambos.

DURANTE…

5. Respire profundamente e absorva o outro

Enquanto algumas mulheres fazem uma respiração pulmonar, superficial, agitada durante o sexo, muitos homens não sabem que soltar a barriga é um dos melhores modos de prorrogar a ejaculação. Sem vergonha, ambos podem perder a pose e respirar profundamente pelo abdômen durante o sexo. A contração usual da barriga deve ser transferida para os músculos pélvicos. Em vez de reter, meter. Aceitação sem filtros, a respiração é nosso grande convite ao outro e à vida: “Traga o que quiser, venha como vier: eu vou te abocanhar, engolfar e absorver tudo até te devolver, completamente transformada, a si mesma”.

6. Não tente controlar o orgasmo

Com a prática da respiração consciente, descobrimos que podemos nos movimentar freneticamente como animais e, ao mesmo tempo, respirar lentamente como deuses. Tal estabilidade gera o destemor que precisamos para chamar o mais intenso prazer. Avançar até o orgasmo em vez de evitá-lo. Para não ejacular, não fique se controlando. Quando você coloca um limite, todos os estímulos se tornam perturbadores e o empurram ao orgasmo. Nas preliminares, faça o teste das cócegas: se uma leve carícia, na axila ou na cintura, o fizer tremer como uma criança, respire e aprofunde sua entrega sensorial. O mesmo vale para as mulheres.
O caminho é inverso: vá até o fim, relaxe, se solte, permita que o prazer aumente em vez de impedi-lo e travá-lo. Para homens: quando sentir que for gozar, pare um pouco, troque de posição e continue até adquirir confiança para ultrapassar o ponto no qual você estava acostumado a se desesperar. Para mulheres: veja se gosta de segurar por muito tempo ou, se isso a distanciar do orgasmo, goze várias vezes enquanto ele treina não ejacular.
Para o casal, eis o processo rumo a níveis mais profundos de prazer: onde antes tremíamos em uma experiência de pico, agora repousamos em um céu de gozo sem origem, fim, eu, outro, dentro ou fora. O pico do prazer, se quiser ser considerado orgasmo, terá de ser cada vez mais arrebatador para conseguir nos fazer cair, desfalecer, estremecer.

7. Proponha o jogo da ereção constante

Se hoje gozamos facilmente, é porque ainda não entendemos o jogo. Caso contrário, não trocaríamos horas de prazer revitalizador por horas de cansaço sonolento. Faríamos de tudo para evitar que o orgasmo acabe com a brincadeira. Pois bem, para reconhecer um jogo, invente e simule-o até perceber que ele sempre esteve ali. Quando seu marido chegar em casa, diga que você não o deixará descansar por 3 horas seguidas. Então use mãos, peitos, lábios e pés para sustentar a ereção dele nos intervalos entre uma penetração e outra. A idéia é que ele não caia por nem um minuto.
Depois de meia hora, se você der sorte, ele terá ultrapassado vários picos de prazer e estará em uma condição livre, imperturbável. Nada no mundo consegue chacoalhar um homem assim – presente, lúcido, desperto. Acredite, você vai ter de implorar para ele gozar. Talvez você se coloque de joelhos, não por prazer, mas por cansaço: para fazê-lo parar. ;-)

8. Abuse do K-Y

Quando o casal descobre a diversão escondida logo depois das primeiras tentativas que o orgasmo faz para nos tirar do jogo, ou quando explora a diversão escondida logo atrás, entra em cena o famoso K-Y. Já que a lubrificação natural não dá conta de 5 horas de penetração, algum homem bom de cama sentiu necessidade de inventar uma substância parecida com as secreções de prazer que soltamos naturalmente. Tenho certeza que o primeiro slogan do produto foi: “K-Y: porque a lubrificação acaba, mas o amor não” (isso é uma brincadeira, mas ficaria feliz se essa frase fosse utilizada em uma campanha). Falando nisso, deixei um link abaixo para você aprender a usar seu K-Y de outro modo.

9. Faça intervalos

Junto com a diversão, podem surgir alguns problemas. Eu mesmo já passei mal, vi cores no escuro do quarto, alucinei e quase desmaiei durante uma noite dessas. Como nossa mente não é estável, brincar com a energia sexual nem sempre é saudável. Para evitar ocorrências do tipo, recomendo intervalos regulares para tomar água e comer frutas ou castanhas. Algo leve. Você pode tentar aproveitar o tempo para ficar um pouco longe dela, mas não vai adiantar: “Amor, traz chocolate?”.

10. Saiba brochar

Todo mês, em qualquer banca de revistas, temos acesso a 181 técnicas (sempre inéditas!) para produzir super orgasmos múltiplos de 10 minutos em sua mulher. Desconfio que isso vem trazendo um pouco de ansiedade para nossa mente masculina. Nada que não seja simples de superar. Lembre-se que não temos responsabilidade alguma sobre o prazer das mulheres. Não há problema algum em falhar por completo. Desculpas e justificativas são desnecessárias.
Anote aí sua frase de redenção: o orgasmo é a coisa mais brochante do mundo! Demorou para abrir a camisinha, a boca dela não colaborou, o cansaço se impôs, a mente ficou confusa… Tudo isso pode ser rapidamente revertido, mas é muito difícil se levantar depois de ejacular. Para se recuperar de uma brochada, basta reconhecê-la e não tentar se livrar da situação desconfortável. Jogue a camisinha no chão, desista de tentar, aceite a derrota e sorria. Se não fizer isso, aí sim cairá em uma brochada clássica irremediável. Se, ao contrário, rir e se soltar, de repente suas mãos estarão passeando no corpo dela e a situação toda se levantará de novo.

11. Durante o prazer intenso, foque o outro

É muito comum encontrarmos mulheres e homens que, para gozar, se concentram em suas próprias sensações e até fecham os olhos, enclausurados, contraídos, como adolescentes em seus primeiros orgasmos. Para evitar que o sexo se transforme em uma masturbação a dois, o caminho é o inverso. Quando estiver se perdendo dentro de si mesmo, direcione seu olhar ao outro, ofereça seu prazer, mergulhe, solte, arranhe seu homem, enfie, enterre, meta com mais força em sua mulher. Só gozamos quando estamos distraídos acompanhando nossas sensações.
Diante de nossa experiência sensorial e subjetiva, temos duas opções: reprimir e controlar ou ceder e gozar. Ambas acabam com o prazer. A verdadeira saída da prisão adolescente está diante de nossos olhos: a experiência sensorial e subjetiva do outro. Ficamos presentes e abertos ao prazer na medida em que adentramos nosso parceiro e nos liberamos do autocentramento. É possível respirar o outro para dentro, fazer sua energia circular em nosso corpo e, simultaneamente, penetrar o outro e sentir por dentro e para além dele. Em uma posição, estremecemos e enlouquecemos (choramos e sorrimos) quando somos possuídos. Em outra, avançamos furiosos quando atravessamos e rendemos o outro.
A fúria mansa masculina e a doce loucura feminina nos levam para além do orgasmo. É esse o verdadeiro prazer (inseparável do que chamamos de amor): ficar presente, sentindo tudo, completamente aberto. Se o homem se abre para as sensações da mulher, a ereção não oscila. Se a mulher se abre para a potência que vem dele, ela se sente penetrada para além do corpo. Só esse gozo é capaz de realmente satisfazê-la.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Uma Noite Inteira de Sexo

Li e achei interessante...

Algo que me incomoda um pouco quando o assunto é sexo são os tabus e mitos que se criam em torno do ato e que algumas revistas, homens machistas, músicas de funk e toda sorte de pensamento raso insiste em perpetuar. Um desses mitos é “Uma noite inteira de sexo”.
Sinceramente, quem aqui teve a sua melhor noite de sexo em formato de maratona? Creio que bem poucas. Sexo (pelo menos no meu ponto de vista) não é quantidade e sim qualidade, intensidade. Quando eu era moleque e cabeça oca achava que beijar 10 na balada era super foda, eu era o cara. Porra nenhuma. Até descobrir que beijar uma que presta, investir e curti-la, era muito mais prazeroso e compensador.
Mas não, insistem em martelar na cabeça que o cara que dá 5 sem tirar é o fodão da cama, que ter orgasmos múltiplos é o objetivo principal de toda mulher na cama. E se ela não goza? Rá, uma fracassada e frígida. E isso vira uma bola de neve, o cara que só dá uma fica nervoso e dá uma malfeita, vai para a segunda cumprir tabela com o meninão borrachudo e falha. Ai para “consertar” o problema compra um estimulante sexual e pronto, dá umas 4 sem baixar a guarda. A mulher preocupada em chegar lá também não consegue se soltar, não curte o momento, não relaxa e não goza. Vê o cara mandando bronca e finge que está achando o máximo aquilo, não goza, mas faz caras, bocas e gemidos. E pronto, no final da noite tivemos um ótimo filme pornô com excelentes performances é um vazio por dentro dos personagens.
Veja bem, não estou pregando aqui que dar mais de uma por noite seja algo raro e para poucos privilegiados. O ponto é acharmos que uma transa bem feita precisa seguir um script do sucesso. Um simples estímulo oral que o cara goze com a parceira e vice-versa já é algo bacana. Na noite seguinte, não necessariamente precisa rolar o oral, pode ir direto para o ato em si e ambos chegarem lá. Em outra, pode rolar barba, cabelo e bigode. Temos que tirar da cabeça esse pensamento tacanho da quantidade.
Porém, se você está no grupo de mulheres que conseguem ter orgasmos múltiplos e/ou transar a noite inteira, mas que possui um namorado ou rolo que não está te acompanhando, darei algumas dicas de como estimulá-lo no pós-sexo:
1-) Não estique a primeira – Alguns homens não possuem fôlego para aguentar uma maratona de sexo. A exemplo de qualquer atividade física, quem não tem um aeróbico bom, depois de 1 hora de exercício vai pedir água e querendo dormir. O ideal é fazer uma primeira curta, de preferência fazendo o cara gozar no sexo oral. Assim, ele não fará quase esforço físico e estará mais apto para a próxima que tende a ser mais duradoura, pois ele gozou uma vez.
2-) Emendar ou tempo de descanso – Dependendo do cara, alguns conseguem manter o mastro firme depois de gozar e já emendar a segunda sem precisar de um respiro. Só que não são comuns, via de regra é necessário uns 5 minutinhos para retomar o fôlego e ir pra segunda. Nesse meio tempo, sem euforia. Não tem coisa mais irritante que o cara estar com o bicho molenga e recolhido e alguém o cutucando. Como eu disse em posts anteriores, não precisa ir direto ao assunto. Beija o cara, passa a mão na nuca, deixa ele te tocar, deslize a mão pela barriga, pernas e quando menos esperar puff, tá acesão de novo.
3-) Retomar no oral – Há homens que após a primeira não conseguem manter uma ereção decente. Fica parecendo um cassetete de espuma que pende para o lado. E ai se você quiser colocá-lo para dentro da perseguida, não vai dar muito certo. Vai escapar, dobrar, entortar, nada bom. A melhor coisa é reanimá-lo em um oral. Dedique um tempo lá e ai quando você for ver a parada já está uma pedra.
4-) Dormir de conchinha – Caso o cara esteja acabadão e 5 minutos não funcione com ele, sugira dormirem. Na sequencia, tenta puxar uma conchinha. Dependendo da libido do cara, após alguns minutos o contato do quadril dele com a sua bunda provocará uma reação instintiva e ele estará pronto para mais uma.
5-) Massagem estimulante – Massagem e sexo andam bem próximos. Geralmente quando acaba o ato sempre há aquela dúvida “durmo? Falo alguma gracinha? Elogio?” Pra que tantas dúvidas? Pega o Ky recém utilizado, puxa uma massagem. Sabendo tocar em pontos estratégicos, dificilmente o cara dorme, pelo contrário vai despertar novamente o bicho e ai você continua da sequência na massagem desembocando (ou embocando) no item 3 .
6-) Comidinha light – Muito frequentemente depois do sexo bate uma sede e fominha consideráveis. O ideal é comer algo light, tomar um suco e jogar conversa fora tirando de foco o sexo. Ai na hora de voltar pra cama, o cara está praticamente zerado e pronto para outra.
7-) Lubrificação – Talvez seja o ponto mais importante. Na primeira penetração geralmente a coisa está (como diria a velha da novela) toda babada e ai entra o meninão que é uma maravilha. Porém, depois de duas ou três a lubrificação inicial despenca. A camisinha começa e incomodar e na falta de lubrificação começa a assar a garota e o sexo vira uma tortura. Por isso, pra quem curte maratona sexual, lubrificante extra é essencial.
Dia desses estava conversando com uma leitora sobre esse lance de after sex. Papo vai, papo vem ela me confidenciou que se um dia a gente se encontrasse, eu tinha jeito que daria um cansaço nela. Fiquei pensando…cansaço? O que seria dar um “cansaço”,  pô-la para cavalgar a noite inteira em cima de mim? Não deixá-la dormir cutucando-a a todo tempo com o meninão rijo? Fazer todas as posições do kama sutra até a perna formigar? Antes de perguntar alguma coisa ela me disse, “quantas você aguenta?”.
“Aguenta”. Chegamos ao ponto de termos que “aguentar” um ato sexual. Imitando a tia Maricota, vamos ao significado no dicionário:  Aguentar > 1. Suportar o peso de. 2. Amparar, equilibrar. 3. Fig. Aturar. Ou seja, no fundo ela queria saber o quanto eu suportaria o peso do ato sexual com ela, até quanto eu a ampararia, ou melhor, até quanto aturá-la!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Uma mulher e suas áreas intocadas

A inevitabilidade do problema

Após o casamento, você percebe que algo nela nunca sequer namorou com você… Ou outro homem percebe antes e começa a olhar e se relacionar justamente com essas áreas intocadas, de onde nasce uma outra mulher: aquela que vai pedir divórcio.
Tal movimento é inevitável. Não há como controlar o outro e se assegurar de que você o está contemplando inteiramente. Sempre sobra algo. No entanto, seria melhor se não fôssemos tão vítimas, se pudéssemos chegar até pelo menos algumas áreas intocadas, não por medo de que outro chegue primeiro, mas para melhorar a qualidade da relação.
Na verdade, a profundidade de uma relação aumenta apenas pelo processo de não congelar e de sempre avançar mais um pouco para dentro um do outro, não exatamente pelo sucesso desse movimento ou pela “cobertura” atingida.

O primeiro ponto cego dos relacionamentos

Nossa cegueira é como uma prisão com horizontes tão amplos que sequer desconfiamos de seus limites. Não vemos algo justamente porque temos a experiência de ver tudo. Como diria Francisco Varela, nossa realidade sensorial nos parece 100% completa, sem nada faltando. Se outro ser (nosso amigo, um africano ou uma abelha) vê outra coisa, então é sinal claro de que ele está errado, alucinando.
O que vemos quando olhamos para nossa esposa ou para nosso namorado? Simples: o outro nos parece 100% como a identidade que foi construída pela relação. Um pai vê um filho no menino que estuda na sala com o amigo que vê o amigo que minutos antes era visto como aluno pela professora. Eis a primeira cegueira de uma relação: não olhamos para a mulher, mas para o que construímos na relação com ela. Se uma relação surge como um namoro, ela passa a ser nossa namorada, não apenas como uma imagem mental, mas como um corpo diante de nós vivendo em um mundo específico que vai sendo pintado pelo casal.
A cegueira é também uma proteção, afinal lembrar que nossa namorada é uma mulher implica em admitir a possibilidade de que ela seja desejada e sinta desejo por outros, de que ela se transforme em namorada de outro. Ou em admitir que ela não lembra muito de nós enquanto está agindo como filha. Lembrar que nossa relação com ela não abraça 100% do seu ser (e nem deveria).

O segundo ponto cego dos relacionamentos

“Murilo achava que me conhecia bem demais, ficou confiante: nunca olhou dentro da carapaça. Viu a carapaça e achou que aquilo é que era, que já estava tão fundo dentro de mim quanto alguém poderia estar. Mas o fundo é sempre mais embaixo, nem eu sei onde, e lá o Murilo nunca se aventurou. Casou com a rocha, se satisfez com a rocha e uma rocha era o que esperava que eu fosse.” –Alex Castro, em Mulher de um homem só
Além de confundirmos nossa mulher com a identidade que foi construída em sua relação conosco, há um outro ponto cego no interior mesmo dessa relação. No primeiro caso, não vemos as outras mulheres por trás de nossa namorada; no segundo, não vemos nem mesmo nossa mulher por completo. Ela chora debaixo do chuveiro, volta para a cama e não desconfiamos de nada. Ela coloca uma calcinha especial e estamos cansados demais para notar e tirá-la com gosto. Ela é sutilmente inferiorizada por sua família e você interpreta tudo como brincadeira…
Não é por acaso que talvez a maior reclamação feminina seja relacionada à solidão e à ausência do olhar desejante masculino. Ouçam o pedido da Vanessa da Mata representando todas as mulheres: “Não me deixe só"

Ora, é por isso que algumas relações são tão transformadoras. Quando uma mulher realmente se sente viva, olhada, cuidada, preenchida dentro de uma relação, todas as outras identidades conseguem sentir esse calor. Se reduzimos os dois pontos cegos, atingimos uma base anterior à própria identidade de namorada que surge à nossa frente. Não só a namorada, mas a mulher inteira fica feliz.
Ao mesmo tempo, nós descobrimos como agir com esse ser mais amplo que a identidade do marido, mesmo quando estamos dentro de uma relação. Se fizermos isso com certa frequência, será mais fácil lidar com o fim dessa relação, com a morte do marido. Enquanto o marido estava em cena, outra coisa estava agindo. E essa outra coisa segue.
Os dois pontos cegos são inseparáveis. Sua superação, claro, não se dá de modo definitivo: ao tentarmos nos aproximar da totalidade do outro, percebemos que ela é inatingível, sempre expansível, como um horizonte. Não há fundo, não há essência. Nada além de um vasto espaço livre do qual o outro nasce diariamente.

Fantasias sexuais femininas

“Eu tenho 22 anos e sou muito tímida, mas minha imaginação não tem nada de tímida.”
A fala acima é de Heather, uma das entrevistadas por Nancy Friday no clássico My Secret Garden. Ao ver em detalhe uma série quase infinita de fantasias sexuais femininas, desconfio que talvez o melhor caminho não seja ir diretamente às fantasias, mas ao que as torna possíveis, ou seja, à estranha dinâmica do prazer.
maze-james-jeanPensamos que o prazer vem do sexo, não é mesmo? Mas não vem. Você pode perceber isso quando brocha e nenhum estímulo funciona ou quando a relação está ruim e nenhuma massagem com K-Y nos anima. Ora, nunca fomos animados pelo toque, mas por algo que se evidencia pelo toque, como se o toque fosse a expressão de algo e não valesse nada sozinho.
Fantasiar (encenando ou apenas imaginando) com estupro, animais, orgias, cenas específicas… O excitante não é exatamente o conteúdo das fantasias, mas a posição interna que nosso corpo assume. Aliás, pode anotar: se quiser aprender novas posições sexuais, prefira as internas.
Em algumas fantasias, as mulheres são dominadas. Em outras, são conduzidas como meninas aprendizes. Ou fazem algo proibido, errado, sujo, degradante. São agressivas, comandam, batem. Invadidas de surpresa. Ou percorridas com curiosidade, como se fossem um labirinto. Isso para ficar nas fantasias mais simples.
Você pensa que ela está submissa enquanto chupa, mas para ela a sensação talvez seja de poder e dominação. Você pensa que a melhor noite para ela foi aquela em que você ficou como um animal por horas, mas ela se masturba até hoje lembrando de quando você a comeu por trás na escada do shopping, com o cinto da calça batendo sem querer na bunda dela, rápido, sem preliminares, gozando sem avisar.
Ela morre de ciúmes das outras, certo? Mas talvez uma das coisas que mais a excitem seja a imagem de você comendo outra mulher. Ainda que isso nunca seja realizado, é a fantasia que a faz gozar. Pois é, muitas mulheres gozam apenas em imaginar a possibilidade de algo, enquanto a maioria dos homens precisa da concretização. ;-)
O sexo, a fantasia (vivida ou imaginada) e o toque apenas nos excitam porque eles nos permitem vivenciar e expressar uma postura que dificilmente assumimos com intensidade na vida cotidiana ou mesmo nos outros momentos de uma relação. Para os homens, em geral, essa postura é a de mandar, conduzir, olhar, penetrar, atravessar, cortar, avançar, invadir. E para as mulheres tende a ser a de se entregar, se render, se deixar levar, se soltar, se movimentar, receber, dar, abrir – ser olhada, desejada, carregada, tomada, abusada, preenchida.
Mais do que com homens, o feminino se excita com presença, olhar, segurança, imobilidade. Mais do que mulheres, o masculino adora formas, curvas, movimentos. Ele quer mais olhar do que ser olhado. Ela quer (ser) pegada, não tanto pegar.
Para que essa dinâmica seja explorada, não basta transarmos sempre no mesmo contexto de casal. Ou melhor, é interessante que esse contexto não seja restrito, caso contrário vamos reprimir nossas fantasias e nossas possibilidades de prazer. Se a mulher não goza sempre com o namoradinho, por que você se contentaria em ser apenas o namorado durante o sexo?

Em defesa dos contos de fadas


“You and me” (Dave Matthews Band)
Quero fazer sua mala, algo pequeno. Pegar o que precisa e desaparecer com você, sem rastros. Lua e estrelas vão seguir o carro. Ao chegar no oceano, vamos pegar um barco para o fim do mundo. E quando nossos filhos crescerem o suficiente, vamos ensiná-los a voar.
Assim começa a música “You and Me” (Dave Matthews Band). E assim deveria começar uma relação. Não exatamente como humanos que andam em ruas de concreto e ficam 8 horas diárias olhando para pixels oscilantes numa tela, mas como personagens dos filmes que escolhermos para nós.
Sem imaginação, sem vivermos um pouco como extraterrestres, tirando a solidez de fatos e certezas, terminamos presos a um mundo opaco, cinza, sem brilho. De vez em quando, vemos uma figura de Escher, filmes como Wall-E, Up ou Where the wild things are, ou um mestre budista maluco. De vez em quando, sorrimos: “É, talvez o mundo seja mesmo mágico…”. Mas não dura. Não passa da rotina do dia seguinte.
Assim como vimos em Pleasantville ou em Dream for an Insomniac, num mundo cinza não há paixão nem sexo. Tal opacidade restringe nossas conexões de corpo e mente (algo que Espinosa relacionava com felicidade), além de diminuir nosso espaço interno, onde sustentamos vivacidade e também o prazer sexual.
Quanto maior sua matriz de significações, mais mundos você poderá construir e dissolver no minuto seguinte. Se há um segredo para tocar sua mulher de todas as formas, é construir histórias nas quais outras mulheres possíveis encarnem e sejam levadas pela mão para o fim do mundo.
Se viver o amor como um conto de fada é clichê, é piegas, é romantismo excessivo, mais clichê é eliminar os contos de fadas. Quem realmente se livrou da crença no Papai Noel não vê problema em se vestir de um (convenhamos, há coisas que só um Papai Noel faz). Do mesmo modo, podemos abandonar nossa esperança em um único conto de fada – sim, ela ainda existe, pode admitir – e viver vários.
Presenteie sua mulher com bons livros infantis, crie mundos nas quais as fantasias femininas possam aflorar, viva mitos e histórias inventadas a la Big Fish, leia Manoel de Barros e amplie sua matriz de significações até que um email não seja mais um email, uma cama não seja mais uma cama, uma calcinha não seja mais uma calcinha, um K-Y não seja mais um K-Y…
Sua mulher pode ser menininha ou velha, um papo durante uma massagem pode ser uma incursão no escuro do futuro, uma caminhada à noite pela Av. Paulista pode virar 20 anos de relacionamento  e ensinar os filhos a voar não é algo tão improvável assim.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Passagem de Homens são de Marte e Mulheres são de Vênus

Aqui vai uma breve passagem sobre as diferenças entre homens e mulheres...Concordem ou não, eu assino em baixo. 
A VIDA EM MARTE

Os marcianos valorizam o poder, a competência, a eficiência e a realização. Eles estão sempre fazendo
coisas para se provarem e desenvolverem seu poder e suas habilidades. Seu senso de si mesmo
é definido pela sua habilidade em alcançar resultados. Eles experimentam satisfação principalmente
através do sucesso e da realização.
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O senso de si mesmo de um homem é definido
pela sua habilidade em alcançar resultados.

Tudo em Marte é um reflexo desses valores. Até suas roupas são desenhadas para refletir sua
habilidade e competência. Policiais, soldados, homens de negócios, cientistas, motoristas de táxi,
técnicos e chefes, todos usam uniformes ou pelo menos chapéus para refletir sua competência e
poder.


A VIDA EM VÊNUS

As venusianas têm valores diferentes. Elas valorizam o amor, a comunicação, a beleza e os relacionamentos. Elas passam muito tempo amparando, ajudando e acalentando umas às outras. Seu senso de si mesma é definido pelos seus sentimentos e pela qualidade dos seus relacionamentos. Elas experimentam satisfação em compartilhar e se relacionar.

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O senso de si mesma de uma mulher é definido pelos seus sentimentos
e pela qualidade dos seus relacionamentos.

Tudo em Vênus reflete esses valores. Mais do que construir estradas e edifícios altos, as
venusianas estão mais preocupadas com a vida em conjunto com harmonia, com a comunidade, e
com cooperação amorosa. Os relacionamentos são mais importantes do que trabalho e tecnologia.
Na maioria das vezes seu mundo é o oposto de Marte.

OS HOMENS VÃO PARA SUAS
CAVERNAS E AS MULHERES FALAM

Uma das maiores diferenças entre homens e mulheres é como eles lidam com o estresse. Os homens se tornam progressivamente concentrados e retraídos enquanto as mulheres se tornam progressivamente indefesas e emocionalmente envolvidas. Nessas horas, as necessidades de um homem para se sentir bem são diferentes das de uma mulher. Ele se sente melhor resolvendo problemas, enquanto ela se sente melhor conversando sobre problemas. Não entender e aceitar essas diferenças cria atrito desnecessário nos nossos relacionamentos.


Conclusão:

Enquanto homens e mulheres continuarem a não entender o que um ou outro precisa, sempre acontecerão discussões chatas, sem sentido, sem motivo e sem nexo, que geram um turbilhão de coisas e não agregam nada ao relacionamento, apenas desgasta o amor que sentem um pelo o outro, enquanto esquecermos os motivos pelos quais nos apaixonamos por nossas mulheres, maridos, namorados ou namoradas, e esquecermos o motivo de querer passar tanto tempo com essa pessoa, até a vida inteira, continuaremos em busca de algo que desejamos tanto mas que nós mesmo colocamos obstáculos em encontrar.

Somos felizes sempre que conhecemos alguém, porque essa pessoa tem algo a nos acrescentar e mostrar, porém com o passar do tempo, parece que esquecemos ou deixamos de lado tanto amor, carinho e respeito que existiram na relação, e quando percebemos os porquês, quando paramos pra analizar o parceiro,a nós e a relação, não nos damos conta de tudo o que perdemos com tanto desentendimento desnecessário, tantas coisas feitas sem sentido, um monte de coisas sem explicações óbvias.

A essa altura, ou está tudo por um fio, ou já é tarde demais.

Nunca devemos esquecer porquê que a pessoa que está do nosso lado, foi escolhida pra estar ali, nem à frente e nem atrás...Mas ao lado, passando por tudo juntos, vivendo tudo juntos, superando e conquistando tudo juntos. Amor eterno existe? Não sei, mas adimiração eterna com certeza , é só olhar a história do mundo e ver quantos nomes são adimirados ápós séculos.

Por quê não podemos adimirar alguém por apenas uma vida?!

A resposta é simples: - Por não compreender, detectar e sentir  a necessidade que nosso parceiro(a) tem num dia dificil de trabalho, problemas com família, ou preocupações corriqueiras do dia a dia, como contas de água, luz, aluguel, IPVA, IPTU,condomínio, carro, moto, gasolina, álccol, trabalho longe, horas a fio no trânsito...

Homens e mulheres são diferentes em vários aspéctos, porém o que mais queremos ao chegar em casa, é um beijo, um abraço, e um sorriso da pessoa que mais amamos, sentir-se protegido e amado, tanto homem quanto mulher, queremos apenas sentir o calor da ternura que temos um pelo outro. Nosso porto seguro sempre será em casa nos braços de quem amamos.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dinheiro, beleza, inteligência… O que atrai as mulheres em um homem?

 
pinky-brain
Nada disso. Mulher quer se sentir escolhida e vai desejar o homem que mais puder conquistar outras. Mas o que exatamente isso significa?

Não é uma questão de grana, corpo ou cérebro

“Mulher gosta é de dinheiro” é uma frase muito comum no discurso masculino, principalmente entre homens frustrados que se consideram bonitos, já fizeram alguns cursos de sedução com mestres PUA e agora, num bar, enquanto fazem piadas com o jargão, silenciosamente desistem de entender a dinâmica do desejo feminino.
Em outro canto, um nerd investidor chega sozinho em casa, depois de levar uma garota para uma restaurante caríssimo, e inveja o rosto bonito do amigo Don Juan que parece provocá-lo com sua foto do Twitter que sorri sem parar.
O ricaço bonitão, por sua vez, em algum outro restaurante, patina em total desconforto diante dos papos iniciados pela morena deliciosa à sua frente. “Hum, acho que sei do que ela está falando… Qual era mesmo a filosofia de Hume? Era algum lance sobre não sabermos se o Sol vai nascer amanhã, é isso?”. Ele está certo e poderia até brincar com sua dúvida (ainda mais com Hume), mas permanece quieto e logo desvia o assunto ao mesmo tempo em que ela desvia seus olhos para a rua, não exatamente em busca de um historiador da filosofia, mas de um homem qualquer, menos covarde, que pudesse ouvi-la e seguir a conversa.
E enfim, numa sala de reunião ali perto, os homens com a combinação perfeita: dinheiro, beleza e inteligência. Ah, sim, muito deles são traídos por não terem tempo. E se tiverem tempo, senso de humor e treparem como animais… bem, algo me diz que não será suficiente.

O que dinheiro, beleza e inteligência tem em comum?

Todos os caras que tem dificuldades em seduzir uma mulher estão parcialmente certos ao culpar a ausência de grana, boa aparência ou plasticidade mental. No entanto, a razão para isso não é o fato de que as mulheres são atraídas por dinheiro, beleza e inteligência, como se cada um dos quesitos constituísse 33% da nota final.
Na verdade, as mulheres procuram (sem saber) um homem com uma qualidade específica curiosamente presente em homens extremamente bonitos, ricos, poderosos e inteligentes. Entretanto, ela pode muito bem existir na ausência de tais atributos – em teoria, pelo menos.
Quem é esse homem tão desejado pelas mulheres? É o homem que pode escolher.

“Você é especial”

“Os amores da vida são fundados num quiproquó tanto quanto os amores terapêuticos. Quando nos apaixonamos por alguém, a coisa funciona assim: nós lhe atribuímos qualidades, dons e aptidões que ele ou ela, eventualmente, não têm; em suma, idealizamos nosso objeto de amor. E não é por generosidade; é porque queremos e esperamos ser amados por alguém cujo amor por nós valeria como lisonja. Ou seja, idealizamos nosso objeto de amor para verificar que somos amáveis aos olhos de nossos próprios ideais.”
Contardo Calligaris, em Cartas a um Jovem Terapeuta
Depois dessa citação do Calligaris, você já pode brincar com sua namorada quando ela soltar elogios:
“Você só me acha esperto, gostoso e charmoso porque quer ser amada e desejada por um cara esperto, gostoso e charmoso.”
Não só ela. Todos nós, homens e mulheres, somos mendigos absurdamente carentes de olhares. Queremos nos sentir vivos – e nada melhor para isso do que uma pessoa com olhos brilhantes ao nosso lado. Queremos ter uma existência com sentido, ser alguém especial. Um parceiro que acredite em vidas passadas, almas gêmeas e amor eterno, piscando em nossa direção, talvez dê conta do recado.
Já que nossos pais não são imortais para sustentar pra sempre nossa identidade de filho, empresas e projetos oscilam demais para manter nossas identidades profissionais, amizades se alternam, cidades se movem, os times caem para a segunda divisão, sobram duas opções pra quem está tentando ser alguém: casar e ter filhos. Marido e esposa, pai e mãe. Eis talvez as únicas identidades que podemos (com sorte) sustentar até a morte.
Está explicado porque o casamento é a nossa maior esperança de felicidade. Jogamos nosso ar dentro dos pulmões do outro (no começo, ele a deixa “sem ar”) e depois torcemos para que ninguém vá embora (no fim, ele não consegue mais respirar).
o-amor-e-cegoMas não vamos deixar nossa vida na mão de qualquer um. De que vale um elogio “Você é um gênio!” vindo de alguém com baixo QI? Pode admitir: é muito mais gostoso ouvir “Você é um gato” de uma mulher estonteante do que de uma feiosa.
Para que a gente se sinta especial, é preciso antes que nosso parceiro seja especial! Caso contrário, a gente não acredita, o encanto não pega, a mágica não funciona.
“Ela é especial” é uma das primeiras frases na fala de um homem apaixonado. O que ele esquece de dizer é o seguinte: “Preciso encontrar razões para que ela seja especial, caso contrário eu não acreditarei quando ouvir dela que sou especial”. E então ele diz que ela também adora AC/DC, se ela for um pouco gorda. Ressalta que ela faz tudo na cama, se não for tão esperta…
Mas nenhum desses elogios se compara ao grande “Você é especial”. Inteligentes muitos são, bonitos, ricos, gostosos também. Agora, o que mais desejamos é ser únicos, singulares, ímpares, fodões, insubstituíveis. Ou melhor, sem plural: premium, VIP, edição limitada, one of a kind.
Mais do que elogiados, queremos ser escolhidos. Não entre dois, três ou dez. Mas entre todos, de todo o o Brasil, de todos os países, continentes – planetas, se possível. Se encontro alguém que poderia conquistar 4% das pessoas e ouço um “Você é especial, você é tudo pra mim, case-se comigo”, bem, sou 4% especial, ou melhor, especial num universo muito pequeno. Eu poderia confessar a um amigo: “Eu não gosto tanto dela!”. A  verdade? “Ela não é especial o suficiente para me fazer acreditar que sou especial”.
O verdadeiro tesão em comer uma mulher perfeita não está na perfeição do corpo (afinal esses detalhes não fazem muita diferença no prazer sexual), mas na sensação narcísica de ser escolhido por uma mulher que poderia escolher qualquer outro homem.
É isso que Calligaris quer dizer com “aos olhos de nossos próprios ideais”: não basta que o outro me admire; eu preciso ser admirado por aquilo que eu mais considero digno de admiração e, mais ainda, por alguém que admiro. Como não consigo fazer tudo isso sozinho, chamo mais um par de olhos.

A redenção dos homens e o fracasso da esperança feminina

Do outro lado, qual é o homem que mais poderia fazer uma mulher se sentir especial?
O homem que pudesse ter todas. O homem que pudesse, sem mentir, afirmar o seguinte: “Eu poderia estar agora com qualquer outra, mas estou com você”.

Don Juan de Marco talvez perca apenas para Johnny Deep… ;-)
É por isso que dinheiro, inteligência e beleza parecem ser fatores de atração: eles ampliam o leque das possíveis mulheres que um homem pode conquistar. Qualquer outro atributo que faça o mesmo (ter um blog lilás, por exemplo) fará o papel do dinheiro. Ou seja, as mulheres não querem dinheiro, elas querem o que as outras mulheres parecem querer. Jessicar Parker e Melissa Burkley, duas pesquisadoras da Universidade de Oklahoma, concordam: mulheres preferem homens casado.
O que deixa tudo ainda mais engraçado: o nosso desejo não tem base alguma, não tem um objeto rastreável que poderia ser encontrado e entregue para nosso completo gozo. O nosso desejo – e principalmente o das mulheres (pergunte o porquê para Freud e Lacan) – é montado em cima de outro desejo, que por sua vez se monta em cima do nosso, como em uma caminhada de dois cegos: “Vou te seguir, você tá olhando tudo, né?”.
Embora muitas mulheres se satisfaçam por um tempo com esse atestado imperfeito (“Ele poderia ter 90% das mulheres, mas me escolheu”), poucas desconfiam que essa impossibilidade de encontrar tal homem 100% garanhão é a prova final do fracasso desse processo de dependência. Não vai dar certo: homem algum conseguirá fazer sua mulher acreditar que é especial porque, no fundo, ela sempre vai pensar “Se ele pudesse pegar outras melhores, ele não estaria comigo”.
Aos homens, coitados, não sobra tempo sequer para relaxar um pouco depois dessa redenção. É nosso o mesmíssimo fracasso. Nenhuma mulher conseguirá atender ao que pedimos, sem saber, no começo da relação: “Seja uma mulher desejada por todos, uma mulher que possa ter qualquer um, quando quiser, e me escolha como seu homem; assim me sentirei um grande homem”. Sofremos do mesmo tipo de alucinação de Pinky e Cérebro. Não, não vamos conquistar o mundo.
Fica complicada até mesmo a vida do cafajeste que se propõe a usufruir dessa dinâmica para seduzir várias mulheres. Nenhuma delas vai conseguir estabilizar a identidade de Don Juan. Enquanto o homem comum se preocupa em seduzir mulheres, os cafajestes gozam mesmo ao conquistar desejos e assim afirmam sua identidade e seguem com sua energia. Assim que um desejo feminino for fisgado, ele será obrigado a partir para outra. Sua liberdade e possibilidade de escolha vai ter o mesmo tamanho de sua prisão.

Mas isso tem saída?

Abra qualquer livro de psicanálise – ciência maldita que começou a levantar tais questões – e vá direto ao fim. Muitas vezes a saída proposta é apenas isso: aceite esse processo e tente conviver da melhor forma com essa falta, essa impossibilidade, essa lacuna, esse vazio, esse abismo…
Eu concordo. Dentro desse jogo, não há resolução. Não há saída. Todos os condicionamentos estão bem costurados debaixo de nossa pele e não será tão fácil nos liberarmos desses padrões de comportamento narcísico, autocentrado. Adoro a visão psicanalítica justamente por ser tão  impiedosa ao corroer nossas mais queridas ilusões e esperanças.
Talvez, no entanto, haja algum jeito de agirmos com liberdade em meio a esses jogos, até porque é a própria liberdade que está sendo valorizada quando desejamos o homem ou a mulher que poderia conquistar qualquer outro. Em vez de tentar sequestrar esse desejo livre para satisfazer nossa carência, haveria outro modo de relação entre dois seres nada especiais e completamente substituíveis?
Cabe a nós experimentar outras possibilidades e dar o exemplo. Ainda estou longe. E você?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Como trair sua mulher… com ela mesma

Como trair sua mulher… com ela mesmatrair
Será que a traição é o segredo para um casamento saudável?

 

Sedução: a diferença entre amantes e maridos

Vamos começar comparando 2 conversas. A primeira entre duas pessoas que mal começaram a se explorar e a segunda entre um casal que namora há tempos. Em ambos, a intenção do cara é sexo irrestrito (novidade!).
Ele: Seguinte, vou passar aí e vamos aproveitar a única noite que presta no Rey Castro.
Ela: Não, hoje não vim preparada pra sair, to cansada, suja, imprestável… Amanhã?
Ele: Amanhã a banda é outra. Suja? Você acha que eu quero perfume? Eu quero você.
Ela: Hum… Continua…
Ele: Continuo, sim, mas dentro do carro assim que você entrar. Aliás, já cheguei, tempos modernos, to teclando do cel. Desce!
Ela: hahaha… Ok, te espero.
Seis linhas bem objetivas e temos mais um casal feliz no mundo. Eles são casados com terceiros, mas isso é o de menos em nossa análise. ;-) Vamos ao segundo casal:
Ele: Hoje é quarta, tem aquela banda de salsa no Rey Castro. Vamos?
Ela: Não, hoje não vim preparada pra sair, to cansada, suja, imprestável… Amanhã?
Ele: Amanhã a banda é outra. Mas tudo bem, a gente vai semana que vem. Amanhã a gente vê um filme, então.
O problema é que ele não queria sair com ela amanhã. Seu corpo estava bombando hoje, seu desejo, sua potência, o brilho no olho. Muito a oferecer. A salsa, não o cinema. Hoje! Não amanhã, porra! Tem dias que surge uma potência que precisa ser oferecida, como se fosse um presente que vem junto com uma bomba relógio. Um vigor que que não pode acabar em masturbação, que vem junto com uma vontade de atravessar nossa mulher, tirá-la do chão, fazê-la sorrir com cada uma das células até relaxar completamente com os cílios roçando em nosso peito. E ainda dizem que homem não vincula sexo a amor… Aham.
Dizem também que homens pensam com a cabeça de baixo. Mentira. Se homens ouvissem mais o próprio pau, eles não aceitariam “Não”, eles não cederiam ao cansaço – que era o verdadeiro interlocutor no lugar da mulher. O pau é preciso, insistente (como um sedutor profissional), imóvel, impetuoso, paciente: quando quer algo, faz de tudo pra conseguir, continua, continua, continua, até chegar em seu objetivo. Seus donos poderiam ser assim, não?
A mulher queria a salsa (ela reclamava silenciosamente por eles sempre terem adiado essa noite), mas o cansaço estava maior. Era preciso um homem para ajudar a quebrá-lo e injetar ânimo em suas veias. Um homem para abri-la às possibilidades da noite que ela mesma sempre quis.
Seu namorado muitas vezes não é esse homem. Ele a respeita, ele sabe como ela fica quando está cansada, ele aceita, tem a certeza de que a relação vai continuar, semana que vem eles vão, tem o cinema amanhã, é só chegar e beijar, ela é sua namorada quase noiva, a data do casamento só depende daquele padre, ele já comprou o anel, sexo garantido, vão assinar papéis, é sua mulher, sempre disponível, só ligar. Não sabe mais o significado de urgência. Ele não é seu amante.
Por isso às vezes penso que toda namorada eventualmente deveria se fazer de difícil, caso contrário o cara vai acabar exercitando suas habilidades de sedutor com outras. Ou pior: vai perdê-las.
O tesão masculino não é exatamente o sexo, mas a sensação de romper, ultrapassar, superar barreiras, limites, obstáculos, desafios. Hímen, manha feminina, mistérios do universo, oscilação das ações, confusões da mente, segredos do empreendedorismo, recordes dos esportes… É isso o que nos move. Quer conquistar um homem? Deixe um problema na mão dele. É assim que empresas conseguem ter homens ao redor por mais de 8 horas diárias, é assim que mulheres conseguem um pai para seus filhos.

Envolvimento: sobre como congelamos nossos parceiros

As vezes me assusto com o modo de que alguns caras falam de suas parceiras. Se o tema é relações paralelas, traição, ciúme, ele afirma com toda a certeza do mundo: “Ela nunca aceitaria isso, sofreria, acabaria com tudo”. Se o tema é sexo, mais certezas: “Ah, não, isso já tentei mil vezes, ela não gosta. Fazer o quê?”.
Minhas respostas são sempre variações da seguinte pergunta um tanto cruel: “Imagine outro cara com ela. Você tem certeza absoluta de que ela agiria do mesmo modo?”. Sempre desconfio de caras que dizem conhecer suas mulheres.
O envolvimento usual entre duas pessoas parece causar uma crescente solidificação de identidades. Quanto mais eles se conhecem, mais excluem outras possibilidades. Fecham espaço para surpresas e ainda tem a coragem de reclamar disso ao fim: “Não dava mais, acabei. Era tudo muito previsível, ele parou de me surpreender…”. A amiga deveria responder: “Mas é claro! Você mesmo impedia o cara de te surpreender”.
Num certo sentido, somos todos um pouco mães de nossos parceiros:
–Filho, por que você tá comendo esse mousse da sua tia? Você não odeia qualquer coisa com maracujá?
–Odiava, mãe, odiava. Mudei desde que sai daqui.
–Tá bom, mas come esse pavê que eu fiz pra você.
–Não gosto de pavê.
–Mas você adora pavê, filho! Lembro de como raspava a tigela… Toma, já coloquei pra você.
Desenvolvemos um padrão de relacionamento com o outro, começamos a surgir de um jeito, começamos a vê-lo de um jeito e, quando menos percebemos, nunca mais desconfiamos de que talvez o outro seja muito mais do que aparece para nós, de que outros o ativem de outro modo, de que ele encarne outros personagens com outras risadas, outras piadas, outros olhares, outros gestos. Às vezes vamos com a namorada visitar um primo das antigas e então nos surpreendemos com ela falando e olhando diferente diante dele. É como se fosse uma mulher que nunca havíamos encontrado!
O amante naturalmente possui essa sabedoria que muitas vezes falta ao galã principal. Ele sabe que a mulher tem uma outra relação, de que tem uma vida própria na qual provavelmente incorpora várias identidades. Ele mantém um desconhecimento saudável, uma espécie de ceticismo generoso. Ao ser perguntado sobre a amante, diz: “Não sei como ela agiria”.
Pensando bem, até mesmo os amantes sofrem da síndrome de crença mórbida do marido. Eles também congelam… Contudo, pela consistência de minha argumentação, vamos supor que estamos falando do arquétipo do amante, que tal? ;-)
O ponto é: sua namorada não é sua namorada, sua esposa não é sua esposa. Muito antes de ser sua namorada, ela foi namorada de outros, com os quais agia diferente, pensava diferente, sorria diferente, trepava diferente. Muito antes de ser namorada, ela é filha. Antes de ser filha, é mulher. É aluna, professora, jogadora de basquete, mestre em psicologia. Ou dentista, praticante de ioga, vocalista.
Ela é a liberdade de ser várias, cada uma com configurações corporais, expressões, movimentos, pensamentos específicos. Ela se conjuga sempre no plural. É um hardware sempre expansível com um software atualizado minuto a minuto (que as leitoras me perdoem, mas tem muito cara de TI que lê esse blog). É cambiante, é o vir-a-ser que já está em outro lugar no instante posterior ao nosso dedo apontado.
Ainda que aja com certos padrões, sua verdadeira natureza escapa de qualquer previsão. Impossível abraçá-la ou percorrê-la completamente. Ela é chuva, fogo, raio. Igual a você.

Consumação: como comer 20 mulheres de uma vez

Para cada mulher em nossa mulher, para cada identidade que não é a namorada ou a esposa, podemos gerar um amante específico. Podemos envolvê-la sem que ela abandone uma identidade para virar “a nossa namorada as we know it“.
Podemos ir até seu trabalho e seduzir a identidade que brota dentro do escritório. Conquistar a menininha que surge quando a família está ao redor. A mulher poderosa quando desce do palco depois de um show ou de uma palestra. A garota putinha que sai pra dançar quando está irritada com você. A velha desanimada e reclamona quando encontra a casa suja. A serelepe de cabelo preso do grupo de amigas da faculdade. A doutoranda aplicada lendo Foucault no sofá. A mãe, a massagista, a designer, a blogueira, a garota da academia, faxineira, a meditante, a turista… Podemos comer todas elas.
Ao fazer isso, ao despertar o constante Don Juan amante lover boy em nós, seguimos treinando nossa habilidade na arte da sedução. Ou melhor, nossa potência de atravessar, penetrar, abraçar, amar, dissolver, redirecionar, romper e transcender caras fechadas, mundos consolidados, ambientes sérios.
Olhamos para nossa mulher e vemos várias. E vemos também que muitas nos são invisíveis. Então abrimos mais os olhos. Quando chega uma delas, a funcionária cansada, lembramos que ela não é aquilo e logo miramos outra com nossos olhos, falamos com a outra como se ela estivesse atrás ou dentro da  mulher que está à sua frente. Abrimos espaço para que outras surjam. E do nada sai a salseira, a dançarina, a party girl. E ela não está cansada, afinal não saiu de casa o dia todo!
Em vez de respeitar o cansaço, você diz sem dizer: “Foda-se o que você viveu hoje, eu quero te fazer esquecer, eu quero você comigo hoje”. Às vezes o cansaço dela se desfaz no primeiro segundo do beijo. Basta explicitar nosso desejo, ativar outras mulheres, trair nossa mulher cansada com a mulher pronta pra sair, fazer com ela tudo o que fantasiamos diariamente e facilmente faríamos com outras.
Ao usar sua mulher, ao olhá-la como sua amante, algo incrível acontece: você passa a ser o amante também. Ela ganha espaço para fazer aquilo que não vislumbrava ser possível com você, aquilo que nem mesmo ela conseguia imaginar sozinha. Ela vai usá-lo, vai trair sua identidade careta com o bad boy, vai pedir coisas que você mesmo nunca imaginaria ser viável, que nunca teria coragem de propor. Pode acreditar: as mulheres são muito mais loucas do que pensamos.
A mulher olha para o namorado e pensa: “É, eu trairia meu namorado facilmente com esse cara aí. Faria isso, depois pediria isso e acabaríamos assim…”.
O cara pega sua mulher com fúria e, sem culpa alguma, consuma o adultério fazendo tudo o que sempre quis fazer com uma amante.
Pois é, num mundo com casamentos infectados com traições, às vezes a cura para a doença vem do próprio veneno.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Entre Pai e Filha





"À Deriva" conta de maneira perfeita a alquimia pela qual uma menina se torna mulher




Filme:  "À Deriva", de Heitor Dhalia.


O filme me encantou pela coesão entre o drama de Filipa, que tenta sair da infância e se tornar mulher, e a alternância entre planos fechadíssimos (como se a câmara procurasse nos dar acesso ao interior dos protagonistas) e planos abertíssimos, mais raros (as praias de onde saem os barcos que podem nos levar para o mar e a vida). E há a performance contida e justa dos atores: Vincent Cassel (o pai), Débora Bloch (a mãe), Camilla Belle (a amante do pai) e a inesquecível Laura Neiva (Filipa, a filha).


Mas o que mais importa é que Dhalia nos oferece um filme que conta de maneira perfeita (peso minhas palavras) o processo delicado e comovente pelo qual uma menina se torna mulher. Não digo "um" processo mais ou menos desastrado e quem sabe patogênico, mas um caminho "certo": o que é preciso para que uma menina, como Filipa, aprenda a amar e a ser amada fora de casa.


Se Freud assistisse a "À Deriva", ele dedicaria ao filme um texto magistral, não sem reafirmar, mais uma vez, que encontramos mais saber na ficção da arte do que nos esforços, sempre grosseiros, de expor nosso entendimento. Sem o gênio de Freud e com a mesma convicção, aqui vou eu.

Para que uma menina se torne mulher -por exemplo, ao longo de um verão- pode ser útil que ela descubra que o pai pode, sim, desejar outra mulher que não seja a mãe e não seja ela, a menina. É também preciso que, não por isso, o amor da menina pelo pai se transforme de vez em ódio ou no ressentimento do ciúme. Ajuda, para evitar que a menina se encalhe numa birra dolorosa, a descoberta de que a mãe também é capaz de desejar outro homem que não o pai.

Nessa altura, a menina ainda poderia decidir que o desejo é uma "porcalhada" dos adultos, e talvez fosse melhor ficar no limbo da infância -quem sabe renunciando definitivamente a todo prazer sexual ou, pior, a toda vida amorosa. Ou, então, ela poderia se tornar para sempre uma espécie de paladina do pai, à espera do dia em que, ele envelhecendo, ela poderá ser sua enfermeira e companheira até a morte.
Há uma condição para que esses caminhos de renúncia não sejam uma escolha forçada: é necessário que o pai se dê conta um dia de que sua filha não é mais uma menina, e que a filha seja e se sinta reconhecida como mulher pelo olhar paterno.
Na apresentação de "À Deriva" no Festival de Paulínia, a plateia (ou parte dela) achou que o tema do filme fosse o desejo incestuoso. Entendo, mas nada a ver. O caminho pelo qual uma menina se torna adulta é quase uma alquimia: existe um fio tênue, mas decisivo, que separa um desejo paterno incestuoso de um olhar do pai que confira à menina a certeza de que ela é desejável como mulher.
O desastre espreita a menina de ambos os lados, tanto se o incesto se realizar quanto se faltar um olhar que confirme que ela está se tornando mulher.

Não são raros os pais que caem das nuvens (justificadamente) quando, já adultas, as filhas os acusam de ter tido desejos ou mesmo gestos impróprios com elas quando eram crianças e adolescentes. Na grande maioria dos casos, trata-se de fantasias necessárias, maneiras de a mulher rememorar que, quando era menina, o pai enxergou nela a mulher que ela viria a ser.

Essa lembrança é tão necessária na vida de uma mulher que, para mantê-la viva, ela pode colori-la e deformá-la - atribuindo-lhe, aliás, a aparência de uma realização de seus próprios antigos desejos incestuosos pelo pai.

Mais grave é o caso em que essa lembrança não se constitui ou se apaga. Nessa eventualidade, a menina pode viver toda sua vida de mulher convencida de que nunca foi e nunca será desejada.
Um detalhe, para evitar mal-entendidos: na vida de uma menina, qualquer homem que esteja na hora e no lugar certos (avô, padrasto, professor e por aí vai) pode exercer a delicada função do pai.
Qual é o desfecho dessa história que se repete a cada dia? O fim do filme comoverá qualquer pai de menina, e seria sacanagem com o espectador contar as últimas cenas. Digamos assim: quando a história acaba bem, o que sobra é a sensação de um amparo paterno, de um lugar de ternura e de amor para o qual é possível voltar para se lavar das eventuais asperezas e sujeiras do desejo, mas um lugar que não infantiliza porque o pai continua enxergando e admirando a mulher que a menina se tornou.

Casamentos Possiveis


Em geral, a gente casa com a pessoa certa: com quem podemos culpar por nossos fracassos



UMA DAS boas razões para se casar é a seguinte: uma vez casados, podemos culpar o casal por boa parte de nossas covardias e impotências.

O marido, por exemplo, pode responsabilizar mulher, filhos e casamento por ele ter desistido de ser o aventureiro que ainda dorme, inquieto, em seu peito. A decepção consigo mesmo é menos amarga quando é transformada em acusação: "Você está me impedindo de alcançar o que eu não tenho a coragem de querer".

Essas recriminações, que disfarçam nossos fracassos, não são unicamente masculinas.

Certo, os homens são quase sempre assombrados por impossíveis devaneios de grandeza -como se algum destino extraordinário e inalcançável já tivesse sido sonhado para eles (e foi mesmo, geralmente pelas suas mães). Diante de tamanha expectativa, é cômodo alegar que o casal foi o impedimento.

As mulheres, inversamente, seriam mais pé-no-chão, capazes de achar graça nas serventias do cotidiano. Por isso mesmo, aliás, elas encarnariam facilmente, para os homens, os limites que a realidade impõe aos sonhos que eles não têm a ousadia de realizar.

Agora, as mulheres também sonham. Há a dona de casa que acusa o marido, os filhos e o casamento por ela ter desistido de outra vida (eventualmente, profissional), que teria sido fonte de maiores alegrias. E há, sobre tudo, para muitas mulheres, um sonho romântico de amor avassalador e irresistível, do qual, justamente, elas desistem por causa de marido, filhos e casamento.

Com isso, d. Quixote se queixa de que sua mulher esconde seus livros de cavalaria e o impede de sair à cata de moinhos de vento. E Madame Bovary se queixa de que seu marido esconde seus livros de amor e a impede de sair pelos bailes, à cata de paixões sublimes e elegantes.
Pena que raramente eles consigam ter os mesmos sonhos. Um problema é que os sonhos dos homens podem ser de conquista, mas dificilmente de amor, pois eles derivam diretamente das esperanças que as mães depositam em seus filhos, e, claro, uma mãe pode esperar que seu rebento varão seja um dom-juan, mas raramente esperará ser substituída por outra mulher no coração do filho.

Não pense que esse fogo cruzado de acusações seja causa recorrente de divórcio. Ao contrário, ele faz a força do casamento, pois, atrás da acusação ("É por sua causa que deixei de realizar meus sonhos"), ouve-se: "Ainda bem que você está aqui, do meu lado, fornecendo-me assim uma desculpa -sem você, eu teria de encarar a verdade, e a verdade é que eu mesmo não paro de trair meus próprios sonhos".

Ou seja, em geral, a gente casa com a pessoa "certa": a que podemos culpar por nossos fracassos. E essa, repito, não é uma razão para separar-se. Ao contrário, seria uma boa razão para ficar juntos.

Quando a coisa aperta, não é porque sonhos e devaneios teriam sido frustrados "por causa do outro", mas pelas "cobranças", que, elas sim, podem se revelar insuportáveis.

Um exemplo masculino. Uma mulher me permite acreditar que é por causa dela que eu não consigo ser o que quero: graças a Deus, não posso mais tentar minha sorte no garimpo agora que tenho esposa, filhos e tal. Até aqui, tudo bem. Como compensação pelos sonhos dos quais eu desisti, passo as tardes de domingo afogando num sofá e soltando foguetes quando meu time marca um gol, mas eis que, no meio do jogo, minha mulher me pede para brincar com as crianças ou para ir até à padaria e comprar o necessário para o café - logo a mim, que deveria estar explorando as fontes do Nilo ou negociando a paz entre os senhores da guerra da Somália.

Essa cobrança, aparentemente chata, poderia salvar-me da morosa constatação do fracasso de meus sonhos e das ninharias com as quais me consolo. Talvez, aliás, ela me ajudasse a encontrar prazer e satisfação na vida concreta, nos afetos cotidianos. Mas não é o que acontece: o que ouço é mais uma voz que confirma minha insuficiência.

À cobrança dos sonhos dos quais desisti acrescenta-se a cobrança de quem foi (ou é) "causa" de minha desistência e razão de meu "sacrifício": "Olhe só, mesmo assim, ela não está satisfeita comigo." Em suma, não presto, nunca, para mulher alguma -nem para a mãe que queria que eu fosse herói nem para a esposa para quem renunciei a ser herói. E a corda arrebenta.

O ideal seria aceitar que nosso par nos acuse de seus fracassos e, além disso, não lhe pedir nada. Difícil.